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Jair Bolsonaro foi responsável por acordar os nazistas na rede, mostra pesquisa. |
Em 11 de maio de 2011, o Ceará eliminou o Flamengo na Copa
do Brasil. No dia seguinte, a Safernet, organização que monitora crimes de ódio
na rede, recebeu mais de cinco mil denúncias sobre perfis do Twitter que
incitavam o ódio contra nordestinos na internet. Fenômeno similar foi observado
pouco antes, em novembro de 2010, na eleição de Dilma Rousseff – que teve maior
votação no Nordeste. Foram quase três mil denúncias de manifestações
preconceituosas na rede social logo no dia seguinte.
Outras datas tiveram picos de denúncias: o dia seguinte ao lançamento da
campanha #HomofobiaNão, no Twitter, seguida da #HomofobiaSim, em 19 de novembro
de 2010.
Até então, alguns perfis detonadores, como a da estudante de
direito Mayara Petruso, eram responsáveis tanto pela onda de ódio como pela
indignação dos usuários ao preconceito veiculado, como reação, na rede. Em
2011, no entanto, quando algumas figuras públicas começaram a fazer declarações
de ódio, racismo e homofobia explícitas, veiculadas pela mídia, os picos, ainda
que menores, começaram a ser cada vez mais frequentes.
Entre todos os episódios, ninguém encarnou tão perfeitamente
o fenômeno como o ex-militar Jair Bolsonaro. Deputado federal pelo PP do Rio,
Bolsonaro tornou-se fenômeno midiático quando, em abril de 2011, fez
declarações racistas/homofóbicas no programa CQC – Custe o que Custar, do rede
Bandeirantes. Questionado pela cantora Preta Gil o que faria se seu fiho se
apaixonasse por uma negra, Bolsonaro respondeu: “Preta, não vou discutir
promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos
foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o
teu”. A repercussão deixou o parlamentar por algumas semanas em exposição
intensa na mídia. Com isso, os neonazistas acordaram.
Thiago Tavares, presidente da Safernet, explica que, ao
expor as opiniões publicamente – e não sofrer retaliações – Bolsonaro despertou
a atividade das células neonazistas que atuam no Brasil. Até então, a internet
servia apenas como canal de comunicação intergrupos. Encorajados, no entanto,
os neonazistas começaram a usar o Twitter como campo de batalha, um lugar para
expor suas ideias, praticar o ódio e angariar simpatizantes. “Acabam se
sentindo legitimados e encorajados”, afirma ele.
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Cena do filme a vida é bela |
Outro personagem público que contribuiu para o despertar dos
nazistas nas redes foi Danilo Gentili, do mesmo programa em que Bolsonaro
tornou-se astro. “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última
vez que chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”, afirmou o
“humorista” em sua conta do Twitter.
Diversas manifestações antissemitas, ainda que em menor
quantidade do que os outros tipos de manifestação, inundaram a rede.
Hoje, o Brasil tem cerca de 300 células neonazistas. Segundo
a antropológa Adriana Dias, mestre pela Unicamp e que estuda o tema há dez
anos, cerca de 150 mil brasileiros baixam mensalmente mais de cem páginas com
conteúdos nazistas. Desse total, 15 mil são líderes e coordenam as incitações
de ódio na internet.
Na esteira desse despertar, a atuação cada vez mais intensa
de quadrilhas neonazistas foi alvo do maior pico de denúncias do relatório da
Safernet. Em 11 de dezembro de 2011, a organização recebu mais de 21 mil
denúncias de 11 perfis do Twitter que incitavam ódio a imigrantes, negros,
judeus, mulheres e homossexuais. A mesma quadrilha alimentava um site próprio
com o nome falso de Silvio Koerich.
Em 22 de março, a Polícia Federal prendeu dois homens
acusados de serem os cabeças do grupo:
Emerson Eduardo Rodrigues, 32
anos, e Marcello Valle Silveira Mello, 29.
Além das inúmeras incitações à violência, a PF identificou
plano para um ataque em massa a estudantes de Ciências Sociais na Universidade
de Brasília, com data marcada e estratégias de ação.
Com 70 mil denúncias e 500 mil arrecadados em conta por
doações de parceiros, o site mobiliza muita gente. Com senhas compartilhadas,
mesmo depois da prisão, novos textos continuam a ser postados e as contas no
Twitter permanecem ativas. Ao todo, Tavares calcula que mais de uma centena de
perfis falsos foram feitos pela quadrilha.
Segundo ele, a Operação Intolerância, que procura agora os
outros integrantes do grupo, foi um marco ao priorizar crimes cibernéticos e
fazer uma investigação profunda para identificar os culpados.
“O Brasil ainda está engatinhando na repressão a crimes de
ódio”, conta ele, que vê uma resistência do Judiciário a condenar pessoas
acusadas de racismo, crime tipificado na lei.
Nos últimos dez anos, o movimento neonazista cresceu
assustadoramente, segundo a antropóloga Adriana Dias. O número de sites passou
de oito mil a 32 mil. Já o crescimento da atividade em fóruns de discussão
online cresceu 400%, impulsionados pelo aumento da comunicação possibilitado
pela internet.
Quando pessoas no Brasil são presas, células internacionais
auxiliam financeiramente para bancar advogados. “A participação brasileira em
fóruns internacionais nazistas é muito intensa”, afirma Dias. “Uma pessoa se
comunica com qualquer outra com tradutor a dois toques”.
O perfil do neonazista:
A pesquisa de Adriana Dias identificou o perfil do
neonazista brasileiro. Confira:
- Desses 300 grupos, 90% se concentram em São Paulo, Rio
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
-São brancos, homens, jovens, a maioria com ensino superior
(completo e incompleto).
- Para se inserir nas células, é necessário ritual de
iniciação. Geralmente, espancar gratuitamente um negro ou judeu na rua, e que
pode levar à morte.
- Depois de aceito, o nazista recebe senha para acessar
manual, que lhe dirá, entre outras coisas, como reconhecer um útero branco – a
mulher perfeita para procriação de um neonazista.
- Todos eles enfrentam dificuldades de socialização.
- Muitos apresentam frustrações sexuais: o próprio Emerson
Rodrigues afirmou em seus vários sites e perfis, que sua ex-namorada havia o
deixado por um “negão”(sic).
- Muito se sentem ressentidos por supostamente terem perdido
poder, com a entrada do PT, associado à esquerda, no governo – esse aspecto
está ligado, sobretudo, ao preconceito contra nordestinos e à ascensão de uma
nova classe média.
- São fundamentalistas religiosos – o que pode
ajudar a
confundir liberdade religiosa com crimes de ódio.
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Disfarçada de Feminista, Sara Winter tem muitos ideais contraditórios que nos levam a crer em seu pezinho nazista. |
Texto retirado de Carta Capital do dia 04/04/2012
Iaia... O nazismo continua para comprovar o quão podre ainda é o ser humano...